Kellogg Insight - Sorrir nos deixa mais felizes?
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Careers jul. 5, 2017

Sorrir nos deixa mais felizes?

Às vezes sim, mas sem forçar. “Há valor em se ter autenticidade”.

A woman smiles in a business meeting.

Yevgenia Nayberg

Based on the research of

Aparna Labroo

Anirban Mukhopadhyay

Todos ouvimos o conselho, ou até mesmo cantamos para sempre mostrar um rosto feliz. A ideia é que um sorriso nos dá uma aparência de felicidade, o que eventualmente nos fará sentir felizes. Assim, muitos de nós ostentamos um sorriso no rosto quando chegamos ao trabalho ou entramos na sala para uma reunião importante.

E isso pode ser exatamente a coisa certa a fazer - ou pode ser um tiro pela culatra/totalmente contraproducente.


Um estudo da professora de marketing da Kellogg Aparna Labroo e Ping Dong, professor assistente de marketing, mostra que sorrir faz com que algumas pessoas se sintam bem. Para outros, porém, isso desencadeia emoções negativas e acaba fazendo com que se sintam pior. Conversamos com Labroo sobre sua pesquisa.
 
Esta entrevista foi modificada em relação ao tamanho e clareza.

KELLOGG INSIGHT: Quais são os pontos positivos e negativos de se sorrir para as pessoas que chegam em um local diferente ou se deparam com um novo desafio? 

LABROO: Muitas vezes ouvimos a expressão inglesa que você deve fingir até conseguir. E, na verdade, isso pode atender a um propósito, porque ao sinalizar que estou me divertindo, posso atrair outras pessoas para que todos estabeleçam vínculos melhores. Ninguém deseja ficar com alguém que parece que está na pior.

Mas há valor em ser autêntico. Para algumas pessoas, descobrimos que, se tentar curtir demais alguma coisa, isso faz você lembrar o quanto não está gostando da situação. Começar a se sentir desconfortável tentando se encaixar pode significar que você não está legal.

KELLOGG INSIGHT: Você descobriu que sorrir não é universalmente uma indicação de felicidade.
 
LABROO: Isso mesmo: as pessoas sorriem porque estão se sentindo felizes ou porque estão tentando se sentir felizes. Examinamos a literatura sobre primatas e descobrimos que alguns primatas apresentam, na verdade, uma expressão parecida a um sorriso meio forçado quando estão ficando agressivos.
 
Em um contexto intercultural, no Japão, por exemplo, as pessoas sorriem para disfarçar a raiva. Uma coautora do nosso estudo é chinesa, e ela revelou: "Você sabe, muitas vezes sorrimos quando estamos envergonhados". Eu nasci na Índia e, muitas vezes, sorrimos para disfarçar nossos sentimentos.

Mas claro, há um significado em sorrir. Mas se for um lembrete para o nosso sistema cognitivo de que estamos envergonhados, com raiva ou infelizes, isso de fato nos fará sentir pior.

KELLOGG INSIGHT: Então, quem se beneficia do ato de sorrir e quem pode sair prejudicado? 

LABROO: Depende da motivação da pessoa para sorrir. Em um estudo, perguntamos aos participantes sobre o motivo pelo qual achavam que as pessoas sorriem. Descobrimos que, se alguém acredita que as pessoas sorriem porque já estão se sentindo felizes, então o sorriso faz com que se sintam mais felizes e se divirtam mais. Mas para os participantes que acreditam que as pessoas sorriem para tentar ficar feliz, o sorriso teve uma influência negativa sobre a felicidade delas de forma imediata e a longo prazo.
 
Em outro estudo, mostramos fotos bem-humoradas de pessoas e lhes dizíamos para sorrir se achassem que uma determinada foto era engraçada. Antes de olhar para as fotos, perguntamos sua opinião a respeito do porquê das pessoas tenderem a sorrir.

Para os participantes que disseram que acham que as pessoas sorriem quando se sentem bem, sorrir ao se deparar com muitas fotos divertidas fez com que eles se sentissem felizes e tivessem uma sensação geral de bem-estar. No entanto, o oposto foi verdade para as pessoas que sorriram ao se deparar com muitas fotos, mas que disseram que pensavam que as pessoas em geral sorriem para tentar melhorar a forma como se sentem. Essas pessoas relataram se sentir menos felizes e ter uma sensação menor de bem-estar depois de sorrir ao se depararem com as fotos.

KELLOGG INSIGHT:  Muitas das suas pesquisas dizem respeito à felicidade, incluindo pesquisas sobre como isso afeta nossa motivação para assumir trabalhos difíceis ou fazer caridade. Além do fato de que todos nós gostamos de ser felizes, por que essa é uma emoção importante?
 
LABROO: Quanto mais satisfeitas as pessoas estão com suas vidas, menores são os seus níveis de estresse. Elas tendem a ter resultados melhores nas tarefas. Tendem a ter melhor saúde. Tendem a cooperar melhor com outras pessoas.

KELLOGG INSIGHT: De onde veio a ideia dessa pesquisa específica sobre sorrir?
 
LABROO: Estou interessada em como os sentimentos e, em particular, a felicidade, podem influenciar decisões e escolhas. Um grande volume de literatura afirmou que sorrir pode fazer as pessoas se sentirem felizes, então eu quis investigar esse tema. Me sinto desconfortável quando as pessoas declaram uma verdade universal, porque a maioria dos efeitos surge apenas em um conjunto de circunstâncias.
 
Então, meus coautores e eu desenvolvemos a hipótese que qualquer ação, incluindo sorrir, provavelmente será interpretada pelos nossos cérebros com base em quaisquer associações já ativadas na mente. Se a ação for interpretada como um sinal de que não estou me sentindo bem, então essa ação deve fazer eu me sentir pior. Foi isso o que investigamos e de fato descobrimos.

Em outras pesquisas, descobri que a felicidade pode levar ao pensamento abstrato, e que a felicidade pode aumentar a busca de metas de longo prazo, direcionando as pessoas para oportunidades de sucesso. Assim, essa pesquisa se encaixa no meu interesse mais amplo de entender a felicidade e a tomada de decisões.

KELLOGG INSIGHT: A pesquisa também mostra que é possível mudar as crenças das pessoas sobre o ato de sorrir, pelo menos temporariamente.

LABROO: Dissemos a um grupo de participantes da nossa pesquisa que as pessoas sorriem para se sentirem felizes, depois apresentamos a esses participantes uma situação que os levou a sorrir. Dissemos a outro grupo que as pessoas sorriem porque são felizes e, em seguida, os incitamos a sorrir. O primeiro grupo acabou dizendo que não eram tão felizes quanto o segundo.

KELLOGG INSIGHT: Qual é o seu conselho para alguém que entra em um local novo—seja um evento de networking ou um novo trabalho—e que quer causar uma boa impressão? Deveriam colocar um sorriso no rosto? 

LABROO: Sim, sorrir é bom. Socializa. Ninguém quer olhar para alguém aborrecido. É sempre bom sair da sua zona de conforto. Mas isso se torna problemático quando você força demais, quando parecer estar feliz torna-se algo muito consciente e desconfortável. Se você está tentando fingir a duras penas, a algum momento você se dará conta disso.

About the Writer
Emily Stone is the senior research editor at Kellogg Insight.
About the Research
Labroo, Aparna, Anirban Mukhopadhyay and Ping Dong. 2014. “Not Always the Best Medicine: Why Frequent Smiling can Reduce Wellbeing.” Journal of Experimental Social Psychology, 53, 156-162.
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