Kellogg Insight - Novo emprego em um diferente setor. Como ter sucesso ao se arriscar com essa grande mudança.
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Novo emprego em um diferente setor. Como ter sucesso ao se arriscar com essa grande mudança.
Careers jun. 30, 2025

Novo emprego em um diferente setor. Como ter sucesso ao se arriscar com essa grande mudança.

Quando não apenas se muda de empresa, mas também se entra em um setor completamente diferente, é preciso se preparar, focar na cultura e construir credibilidade rapidamente.

illustration of a car pulling up to an intersection with left and right turn lanes

Lisa Röper

Based on insights from

Rob Apatoff

Ao longo da carreira, a maioria dos executivos assume cargos em diversas empresas em ramos diferentes. Essas mudanças de emprego significam não só a necessidade de adaptação a uma nova função, mas também, às vezes, a transição de um setor familiar para um novo e desconhecido.

De acordo com Rob Apatoff, professor clínico da Kellogg School, diretor executivo do Kellogg Executive Leadership Institute e ex-executivo sênior de várias grandes marcas, o maior desafio nessa transição geralmente não é o trabalho em si, onde experiência e habilidades transferíveis contribuem muito para garantir uma transição sem complicações.

Às vezes, o maior obstáculo é o medo. Medo de sair da zona de conforto, de se deparar com uma cultura que não corresponde à da pessoa, de recomeçar. “É sempre um risco recomeçar a carreira e construir credibilidade em outra empresa”.

Em sua carreira, Apatoff mudou várias vezes de setores de alto destaque, como por exemplo o de bebidas (Anheuser-Busch), o de artigos e calçados esportivos (Reebok), seguros (Allstate), flores e presentes (como CEO da FTD Companies Worldwide) e, mais recentemente, o do meio acadêmico. Ao longo do caminho, Apatoff aprendeu o que é preciso para se ter sucesso em território desconhecido.

Aqui, Apatoff compartilha cinco lições importantes para navegar por uma mudança de setor e se sair com êxito.

1. Tenha certeza de quando mudar

Apatoff alerta que, embora o momento certo seja importante, não se precipite na decisão de mudar de setor.

“Pode-se estar cansado ou frustrado com o trabalho que faz, mas esse não é o melhor motivo para mudar de setor”, diz ele.

É preciso mais do que ser a hora certa. É preciso de clareza sobre o que tem para oferecer e por que é importante assumir esse novo compromisso. Apatoff incentiva os líderes a se aprofundarem na história real por trás de cada vaga de emprego.

“Você está substituindo outra pessoa? O que exatamente deu errado? É um novo cargo? Se afirmativo, quais são os critérios de sucesso?”, pergunta ele. “É necessário se aprofundar e perguntar o que especificamente essa pessoa ou empresa não tinha para não dar certo. Tomar conhecimento dessa informação pode ajudar a convencer a empresa contratante de que, independentemente das ferramentas que esteja trazendo, você pode oferecer uma nova perspectiva e um caminho claro para atingir os objetivos desejados”.

Ele também pede aos profissionais que avaliem as circunstâncias pessoais nas quais se encontram antes de fazer alguma mudança, especialmente quando se trata de ter que mudar de cidade.

“Quando sai de um emprego ótimo e seguro na Anheuser-Busch e fui para a Reebok, me mudei com minha família toda para Boston, com dois filhos menores de três anos. Em três meses, percebi que a nova empresa não condizia com minha integridade e valores pessoais", diz ele.

Sem a flexibilidade de voltar atrás, ele não teve escolha que não fosse se empenhar para que tudo desse certo.

“Considere seriamente ter sempre uma outra opção disponível a si no início de uma grande mudança de setor”, diz Apatoff.

2. Prepare-se

Ao planejar uma mudança para um novo setor, o primeiro passo deve ser uma análise rigorosa da dinâmica dessa categoria de atividade.

“É preciso, sem dúvida, pesquisar sobre o novo setor”, diz Apatoff. “Não estou me referindo apenas à empresa, mas também aos concorrentes, a como as atividades comerciais se realizam, a quais possíveis problemas não mencionados a sua futura empresa pode estar recrutando você para resolver”.

Uma técnica que ajudou Apatoff a se preparar para trabalhar em um novo setor foi ir direto à base de clientes para coletar insights sobre a empresa na qual desejava entrar e seus produtos. Esse tipo de pesquisa criteriosa "fora da entrevista", especialmente as não facilmente disponíveis online, pode ajudar o candidato a emprego a se destacar no processo de seleção. Ela também encurta a curva de aprendizado ao começar a trabalhar, o que pode ser vital quando as expectativas são altas.

“Eu conversaria com os varejistas sobre as diferentes cervejas, o que eles gostavam e o que não gostavam em relação ao produto, distribuição e serviço”, diz ele sobre sua transição para a Anheuser-Busch, onde ocupou cargos executivos de marketing. “Levar esse conhecimento consigo já de cara mostra à empresa que você será capaz de sobreviver no aquário de tubarões no qual estão te colocando”.

3. Foco na cultura

Para Apatoff , a parte mais difícil de mudar de setor não foi aprender o negócio, mas sim a cultura.

Na década de 1980, ele saiu da Anheuser-Busch, uma gigante de bebidas altamente respeitada, tradicional e rigorosamente administrada, para se integrar à Reebok, uma marca esportiva ousada e dinâmica. Embora o novo cargo prometesse energia e visibilidade, a cultura interna foi um choque.

“Saí de um ambiente de alta integridade na Anheuser-Busch para um lugar completamente diferente”, lembra ele. “Foi um pouco chocante para mim”.

Apatoff aprendeu que, mesmo que o trabalho em si parecesse familiar, a cultura da empresa não era. E essa dissonância ambiental pode minar rapidamente sua credibilidade e confiança.

“É preciso garantir que você terá apoio durante todo o período de transição, em todos os níveis da empresa, não apenas com o executivo que o contratou”, acrescenta. Sem isso, trabalhará sem rede de segurança, especialmente se a pessoa que o contratou sair da empresa logo após sua chegada.

4. Ouça, aprenda e adapte-se

Ao adentrar na empresa, o primeiro instinto pode ser começar a começar a dar a sua opinião imediatamente, numa tentativa de provar seu valor. No entanto, Apatoff recomenda o oposto: ouça primeiro.

Quando fez a transição do mundo corporativo do setor privado para o magistério na Kellogg School, Apatoff percebeu por que as pessoas que passaram sua inteira carreira em setores de indústrias muitas vezes têm dificuldade em fazer a transição para o mundo acadêmico.

“Rapidamente aprendi que era porque viemos de um ambiente de comando e controle, de velocidade de lançamento no mercado”, explica ele. “A mudança para uma cultura acadêmica mais colaborativa não aconteceu automaticamente. Assim, passei os primeiros meses ouvindo, fazendo inúmeras perguntas sobre a arte de ensinar, assistindo a aulas com professores respeitados e adquirindo experiência em um novo mundo”.

Mesmo após uma longa carreira executiva, Apatoff teve que repensar a maneira como compartilharia seus conhecimentos. Ele entrou na sala de aula carregado de estudos de caso detalhados de sua própria trajetória de liderança, histórias que, segundo ele, seriam bem aplicadas na classe.

“Lembro-me de Eric Anderson, um professor que foi um dos motivos pelos quais entrei na Kellogg, dizendo: “Olha, esses estudos de caso são ótimos, mas você sabe que não pode ensiná-los dessa maneira, não é?”

Esse feedback forçou uma mudança, diz Apatoff. “Tive que mudar minha mentalidade e aprender a me adaptar àquela cultura, em vez de tentar fazer com que ela se adaptasse a mim".

5. Construa credibilidade rapidamente

"Como se diz, de forma um tanto grosseira, nas empresas americanas, 'a bala é disparada no seu primeiro dia. É só uma questão de quando ela irá te atingir'", diz Apatoff. É um ditado que ele aprendeu com amigos da PepsiCo, e significa ser vital ganhar logo de início.

Os executivos devem causar impacto rápido, especialmente quando vêm de fora do setor. E é neste ponto que a construção da credibilidade se torna ainda mais importante.

“Em um cargo de nível hierárquico mais elevado, é necessário chegar ao seu novo emprego carregando um manual”, diz ele. “Quando passei de chefe de departamento para vice-presidente de marketing e, em seguida, para diretor geral de marketing, os desafios aumentaram e o tempo para entender tudo e causar um impacto positivo ficou mais curto. Como responsável por todo o marketing, você deve se atualizar imediatamente e apresentar soluções”.

Esse manual, juntamente com os relacionamentos que construiu ao longo da carreira, pode ajudá-lo a executar o plano. Esse conhecimento pode fazer toda a diferença entre uma mudança bem-sucedida e um erro doloroso. É também fundamental se concentrar nos relacionamentos internos para conquistar credibilidade na nova função. Na seguradora Allstate, Apatoff foi recrutado pelo CEO/Presidente da Allstate para atuar como o primeiro diretor de marketing na história da empresa. Ele imediatamente construiu alianças sólidas com o diretor financeiro e o chefe de vendas.

“Tive que convencer o diretor financeiro de que eu me importava com o dinheiro tanto quanto ele. Fiz questão de que ele entendesse que eu falava a língua dele”, diz Apatoff. “Participei de ligações juntamente com o chefe de vendas e consegui falar com os principais fornecedores. Nunca pedi nada em troca; eu simplesmente sabia que isso beneficiaria a empresa e, em última análise, nós dois”.

Ao demonstrar humildade e preocupação com o sucesso de outras pessoas, Apatoff criou a rede de apoio de que precisava para ser bem sucedido.

“É necessário envolver as outras pessoas e compartilhar o mérito com elas”, diz ele. “Mesmo que saiba a resposta melhor do que elas, você precisa que sejam receptivas às suas ideias”.

Featured Faculty

Executive Director, Kellogg Executive Leadership Institute; Clinical Professor of Executive Education

About the Writer

Seb Murray is a writer based in London.

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