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Professor of Psychology, Weinberg College of Arts & Sciences; Professor of Management & Organizations
Michael Meier
Há muito tempo a ficção científica previu que os robôs se tornarão uma parte onipresente em nosso futuro, seja no papel de trabalhadores ou como companheiros. No entanto, ainda não chegamos lá.
As máquinas que usamos hoje, em sua maioria, parecem e agem como o aspirador de pó Roomba: fazem o seu trabalho de forma eficiente, mas a empatia não é o seu ponto forte. Surge então uma questão: os seres humanos podem realmente criar uma conexão emocional com uma máquina?
Uma nova pesquisa realizada por Eli Finkel, professor catedrático de gestão e organizações da Kellogg, explora se os seres humanos serão capazes de se relacionar com máquinas que parecem entender, validar e se preocupar com as pessoas.
"Sabemos que, a partir de pesquisas sobre a interação entre seres humanos, relacionar-se com alguém que expressa reações faz a pessoa se sentir mais confiante e assumir mais riscos", diz Finkel. "Será que a interação com um robô que tem reações teria consequências semelhantes?"
Sua pesquisa mostra que, de fato, a capacidade de resposta social de robôs pode substituir os seres humanos.
"Se pudermos programar os robôs para se envolverem na interação social sensível que nos faz sentir bem, então os robôs podem fazer muita coisa", diz Finkel, que também é professor de psicologia na Faculdade de Artes e Ciências Weinberg da Northwestern. "Pode haver um robô recepcionista em hotéis, robôs usados para cumprimentar pessoas que vêm pela rua ou para vendas no varejo".
Um robô com inteligência emocional?
Apresentamos o Travis.
Inventado por Guy Hoffman na Universidade de Cornell, Travis é um robô socialmente expressivo que tem cerca de 30 cm de altura, parece um pequeno alienígena e consegue realizar gestos básicos como mexer a cabeça e balançar de um lado para outro. Travis foi originalmente concebido como um alto-falante robótico e companheiro para reprodução de músicas com capacidade para receber e reproduzir áudio de um smartphone ao mesmo tempo em que dança ao ritmo da música.
No entanto, em um estudo recente liderado por Gurit Birnbaum, do Centro Interdisciplinar de Israel, Finkel, Hoffman e seus colegas Moran Mizrahi, também do Centro Interdisciplinar de Israel, Harry Reis, da Universidade de Rochester e Omri Sass, da Cornell Tech, utilizaram Travis para uma finalidade diferente.
Eles modificaram Travis para que pudesse se comunicar usando texto exibido na tela de um pequeno tablet. Será que o Travis poderia consolar pessoas que passaram por uma experiência difícil?
Os pesquisadores pediram a 102 participantes para explicar um acontecimento pessoal angustiante para Travis. Em seguida, o robô respondeu de duas formas diferentes: acenando com a cabeça, balançando ligeiramente para imitar a respiração e exibindo um texto de consolo, como "Eu entendo perfeitamente o que você está passando", ou não se movendo e exibindo um texto emocionalmente neutro, como "Ok, continue".
Os participantes foram deliberadamente enganados quanto à forma como Travis funcionava. Foram levados a crer que ele usava a tecnologia de reconhecimento de voz para processar suas histórias. Na realidade, suas ações e palavras eram controladas pelo que os pesquisadores chamam de configuração Mágico de Oz: uma pessoa ouve as histórias e observa as interações antes de escolher a resposta de Travis.
Em seguida, os participantes responderam a pesquisas que avaliavam a percepção de quão ouvidos, compreendidos e cuidados se sentiram durante a interação com Travis. Eles classificaram as declarações como "O robô estava ciente do que eu estava pensando e sentindo" ou "O participante robô realmente me ouviu" em uma escala de 5 pontos.
Um segundo estudo utilizou uma configuração semelhante, porém investigou se os robôs interativos têm o poder de aumentar a confiança. Os pesquisadores pediram aos participantes quem contassem a Travis a respeito de uma experiência boa que tiveram em um determinado dia. As respostas de texto de Travis para o evento positivo incluíam "Poxa, isso é realmente ótimo!" e "Que experiência agradável!"
A próxima tarefa foi os participantes responderem ao mesmo questionário aplicado aos participantes do primeiro estudo. Em seguida, criaram uma apresentação pessoal de dois minutos gravada em vídeo para um possível parceiro romântico e avaliaram a percepção da própria atratividade em uma escala similar depois de assistir ao vídeo que tinham feito.
Acredite
Então, no final das contas, os participantes ficaram encantados com um Travis sensível?
Os participantes em ambos os estudos responderam às perguntas da pesquisa dizendo que achavam Travis mais social e competente quando se envolveu emocionalmente com eles. Também eram mais abertos à ideia de um robô de companhia depois de interagir com Travis quando ele respondeu emocionalmente, ao contrário de quando sua reação havia sido indiferente.
Além disso, os pesquisadores viram os participantes pendendo mais em direção a ele e fazendo mais contato visual quando Travis respondeu com emoção e consolo. Estes "comportamentos de abordagem" normalmente sinalizam conforto e abertura emocional. E quanto ao aumento da autoconfiança? No segundo estudo, conversar com um Travis sensível levou os participantes a se sentirem mais desejados ao se apresentarem ao possível parceiro romântico.
Nossos futuros companheiros robôs
Embora os resultados sejam promissores para robôs como companheiros emocionais, Finkel adverte que o trabalho continua sendo apenas um estudo de prova de conceito. Travis tinha um humano manipulador nos bastidores, e será muito mais difícil programar um robô sensível que possa realmente capturar as nuances da comunicação humana. "Programar robôs para montar carros ou aspirar o pó do chão não envolve nenhuma interação social, e estas coisas são, em certo sentido, muito mais simples de fazer", diz ele. "Estamos lidando com um conjunto de tarefas muito mais difícil, que exige sensibilidade social com os seres humanos". No entanto, no dia em que os engenheiros criarem robôs sensíveis acessíveis, os operadores poderão assumir alguns trabalhos sociais que são relativamente repetitivos ou onde há escassez de trabalhadores.
O robô humanoide chamado Pepper, de fabricação da Softbank Robotics, sediada em Tóquio, já ocupa um lugar em lojas de varejo no Japão, respondendo a perguntas sobre smartphones. Na França, a gigante de supermercados Carrefour está testando sete unidades Pepper como companheiros de compras que sugerem receitas ou vinhos acompanhantes. É possível imaginar um robô semelhante que recepciona pacientes no hospital ou atua como apoio emocional para idosos. "As pessoas estão vivendo mais tempo, muitos estão vivendo mais que seus cônjuges, e há muita gente solitária por um ou outro motivo. Os robôs socialmente sensíveis podem servir de companheiros para esses tipos de pessoas", diz Finkel. "Os robôs estão ficando cada vez mais envolvidos na vida diária e talvez não precisaremos esperar muito mais tempo até os robôs virem a desempenhar um papel emocionalmente importante em nossas vidas".