Kellogg Insight - A psicologia da resiliência nos ensina sobre como resistir à pandemia
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Organizations fev. 1, 2022

A psicologia da resiliência nos ensina sobre como resistir à pandemia

E o que as organizações podem fazer para ajudar os funcionários a não sucumbirem à pandemia.

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Yevgenia Nayberg

Nessa altura, muitos de nós estamos mais que exaustos do estresse em termos que equilibrar trabalho, vida pessoal e, possivelmente, ter que cuidar de um ente querido durante a pandemia.

“Psicologicamente falando, todos nós estamos com resquícios da COVID no momento”, diz Lauren Eskreis-Winkler, professora assistente de administração e organizações na Kellogg School. Embora tenhamos ou não sofrido diretamente os efeitos do vírus, o impacto residual da pandemia em todos nós é real.

Em sua pesquisa, Eskreis-Winkler busca entender a resiliência. Em termos gerais, diz ela, resiliência engloba a recuperação após desafios e a rapidez com que nos recuperamos.

Eskreis-Winkler explica porque tem sido tão difícil se ter resiliência durante a Covid. Ela também dá dicas sobre como as organizações podem ajudar seus funcionários a reverterem a situação.

Você provavelmente está fracassando. Muito mesmo.

Com todos os desafios associados à COVID, simplesmente ter que aceitar que não tenhamos tanto sucesso quanto no passado pode ser uma opção.

Talvez você enfrente dificuldades para se comunicar ou sentir uma conexão com colegas em ambiente remoto. Talvez esteja sobrecarregado por ter que fazer o trabalho de colegas doentes, ou daqueles que pediram demissão na Grande renúncia, e se sente exaurido. Ou talvez os fatores externos do estresse façam você se sentir distraído no trabalho.

Não dar conta do que se tem que fazer uma ou duas vezes não é necessariamente um problema, observa Eskreis-Winkler. Temos que nos recuperar de contratempos únicos de curto prazo o tempo todo.

Porém, com o passar do tempo, as faltas de êxito se acumulam. Pode ser difícil continuar resiliente quando as dificuldades continuam, sem se ter previsão do fim.

Pesquisas sobre grupos de pessoas que enfrentam fracassos repetidos (como fumantes que têm dificuldades de parar de fumar) confirmam que esse padrão afeta negativamente a capacidade de recuperação das pessoas. "Fracassos repetidos afetam não só o senso de esperança e otimismo, mas também a confiança em si próprio", diz Eskreis-Winkler. “É cansativo”.

É difícil aprender com a falta de sucesso

Outra razão pela qual o momento atual está sendo tão difícil para muitas pessoas é que, apesar de sofrermos muito fracasso, não estamos necessariamente aprendendo nada com nossos erros nem conseguindo nos adaptar melhor a situações desafiadoras.

"Você pensa, ‘acho que tinha entendido como tudo funciona. Pensei que sabia como trabalhar de home office", diz Eskreis-Winkler. "Daí descobre que está lutando repetidamente com os mesmos problemas".

Essa falta de progresso ou aprendizado pode ser uma pílula difícil de engolir. Alguma vez já ouviu um discurso de formatura ou leu uma entrevista de CEO que não glorifica o fracasso como aprendizagem, levando a grandes sucessos futuros?

“Vivemos em uma cultura onde se comemora o fracasso”, diz Eskreis-Winkler. "As pessoas acreditam que há um lado positivo em cada fracasso: pelo menos, aprenderão com a experiência".

Infelizmente, diz ela, muitas vezes não é isso que ocorre. "Acontece que a maioria de nós não aprende muito com a falta de sucesso”.

Em um estudo recente, Eskreis-Winkler pediu a enfermeiros para adivinhar o quanto seus colegas aprenderiam com os erros no trabalho. Os entrevistados previram - incorretamente - que seus colegas aprenderiam muito mais com o fracasso do que realmente aprenderam.

Por que as pessoas têm dificuldades para aprender com o fracasso?

Eskreis-Winkler diz que o fracasso ameaça nossos egos. Enfrentar fracassos faz nos sentirmos mal. Assim, ignoramos os erros para evitar o desconforto.

“Muitas vezes, as pessoas optam por se desligar. Elas preferem não prestar atenção aos fracassos e, consequentemente, aprendem muito pouco". Temos a tendência de ignorar nossos fracassos, de pensarmos pouco neles e evitamos refletir o suficiente para que tiremos uma lição com eles.

O futuro

A boa notícia, diz Eskreis-Winkler, é que intervenções ponderadas podem nos ajudar a moldar nossas culturas de trabalho de modo a desenvolver mais resiliência.

Por um lado, apesar de resistirmos a aprender com nossos próprios erros, estamos inclinados a aprender com nossas vitórias, e com as experiências de outras pessoas, independentemente do resultado.

“As pessoas não se empenham em aprender com seu próprio sucesso. Nem em aprender com os fracassos das outras pessoas ", diz Eskreis-Winkler", “O fracasso de outras pessoas não é perturbador nem ameaçador. É apenas informação".

Ao treinar seus gerentes sobre como dar feedback, as empresas devem levar esse fato em consideração. “Existe uma ciência para dar feedback negativo, pois as pessoas são muito sensíveis ao aparente fracasso", diz Eskreis-Winkler. “Deve-se dar feedback negativo de maneira ponderada, que não seja ameaçadora para o ego, se os gerentes quiserem que os funcionários respondam e aprendam com isso".

Para apoiar a resiliência entre os funcionários, as empresas podem também incentivar as pessoas a falarem abertamente sobre fracassos. “Em muitas culturas de trabalho, ninguém sabe o quão comum é o fracasso”, diz Eskreis-Winkler.

Especificamente, ela aconselha os líderes a serem transparentes e até mesmo analíticos sobre campanhas, lançamentos de produtos e outros projetos fracassados.

"Os líderes empresariais podem criar culturas onde todos os funcionários conheçam a razão real de sucesso e fracasso", diz Eskreis-Winkler. “Esse fato normaliza o fracasso em uma empresa, criando um ambiente onde é totalmente aceitável apresentar um certo grau de fracasso para novos produtos e iniciativas. Por si só, esse conhecimento deixa as pessoas menos apreensivas com o fracasso pessoal e, consequentemente, mais dispostas a aprender com ele".

Esse conceito pode ser desafiador para empresas cujos resultados se orientam no desempenho. Mas é a melhor maneira de incentivar a se tomar riscos inteligentes quando os funcionários podem estar especialmente relutantes em fracassar novamente.

“Líderes sábios reconhecem que o fracasso faz parte do processo”, diz ela. “Isso ajuda a reduzir o estigma associado à falta de sucesso, tornando-a menos ameaçadora e, por sua vez, ajuda as pessoas a aprender".

Por fim, seria bom se repensássemos o que realmente “fracasso” quer dizer. E ajudaria se as pessoas evitassem classificar imediatamente as experiências como "vitórias" ou "fracassos".

"As pessoas pensam erroneamente que o progresso é linear", diz Eskreis-Winkler. “No entanto, a verdadeira resiliência é mais circular. Experiências difíceis podem fazer alguém recuar alguns passos. Quando abordadas da maneira certa, essas experiências contêm lições que geram resiliência para o futuro".

About the Writer

Susan Margolin is a writer based in Boston.

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