Kellogg Insight - Como transformar arrependimentos da pandemia em uma força positiva
Skip to content
Marketing set. 7, 2021

Como transformar arrependimentos da pandemia em uma força positiva

Refletindo sobre tudo o que não conseguiu fazer? Um especialista em psicologia do arrependimento explica por que você deve se dar um tempo.

a woman stands with her eyes closed in a forest clearing

Lisa Röper

Based on insights from

Neal J. Roese

Com tantos americanos fazendo um balanço de suas vidas quando reclusos durante a pandemia, é inevitável que alguns estejam examinando minuciosamente seus sentimentos de arrependimento.

Seja se lamentando que sua carreira ficou repentinamente paralisada, as férias tão esperadas que não puderam tirar ou o tempo sem poder estar com os entes queridos, é difícil não refletir sobre os últimos 18 meses mais pelas oportunidades perdidas do que pelas conquistas.

“Agora pode parecer que há um certo grau de entusiasmo com a abertura de novas vagas e oportunidades”, diz Neal Roese. “No entanto, também passamos as dificuldades do que parece ser um ano perdido, um ano que não volta mais".

Roese , professor titular de marketing da Kellogg School, é especialista em psicologia do arrependimento, tema de seu livro, If Only. Explica que arrependimentos são perfeitamente normais - até mesmo essenciais - do ser humano. Se contextualizarmos e aprendermos com eles, os arrependimentos que surgiram devido à pandemia podem ser uma força para o bem. No entanto, se ruminados por muito tempo, podem ter efeitos negativos em nossa saúde mental.

Roese oferece alguns conselhos sobre como lidar com arrependimentos pandêmicos.

Perspectiva maior

Uma das melhores maneiras de lidar com o arrependimento é reformulá-lo. Assim, se estiver desgostoso com o passado, Roese recomenda mudar o foco da sua própria experiência para ter uma perspectiva mais ampla. Devido à sua própria natureza, o arrependimento envolve um foco de curto prazo, onde a tendência é nos concentrarmos em uma única decisão, em vez de em uma série delas.

O contexto mais amplo da pandemia resume-se em ser um evento único que ameaçou o bem-estar de todas as pessoas no mundo todo. Uma vez que também impactou cada um de nós de forma tão drástica em nível individual - nossos empregos, famílias, saúde e segurança - é fácil perdermos de vista a visão mais ampla.

“Talvez, com o passar do tempo, possamos colocar a pandemia em perspectiva e ver que esta é uma das experiências mais singular, poderosa e consequente que qualquer um de nós terá em toda a nossa vida”, diz Roese. “A maioria dos eventos históricos importantes é o que lemos nos livros. No entanto, quantos de nós viveu de verdade algo tão tumultuado como esta pandemia?”

Dar uma pausa para avaliar a magnitude da tragédia compartilhada da pandemia pode ajudar na absolvição de nossos arrependimentos, diz ele.

“Dar a si mesmo um grau de perspectiva ajuda a entender que sua experiência faz parte de um sistema maior de forças e eventos interligados”, diz ele. “Também facilita seguirmos em frente".

Por exemplo, se estiver se culpando por ter gasto demais naquela deliciosa refeição de sábado à noite, pode ser útil repensar e colocá-la no contexto de tudo o que comprou desnecessariamente no ano passado. O valor da visão mais ampla é poder ver mais claramente como as decisões individuais se ajustam às suas prioridades gerais de vida.

Concentre-se no que pode controlar ... e fique em paz sobre o que você não tem controle

Ao olhar para as provações e tribulações do passado, muitas vezes as pessoas se culpam, independente de as circunstâncias estarem ou não realmente sob seu controle. Ao obscurecer essa distinção, as pessoas demonstram uma ilusão de preconceito muito natural e muitas vezes não construtiva.

“Como alguém que gosta de jogos de azar que beija os dados antes de os atirar à mesa, presumimos que podemos influenciar os resultados mais do que realmente é possível, mesmo quando se trata de eventos aleatórios”, diz Roese.

ilusão de controle faz parte de um conjunto de tendências cognitivas básicas que afetam cada um de nós. Pode ser útil para nos ajudar a seguir em frente face a desafios difíceis, mas às vezes pode causar problemas. Como a ilusão de controle envolve uma leitura tendenciosa da realidade, ela pode distorcer o modo como nossa mente avalia situações difíceis, como nossas experiências relacionadas ao trabalho durante a pandemia.

Por exemplo, os pais podem sentir emoções confusas, e desejarem ter tomado decisões diferentes para gerenciar o trabalho, ensino à distância e responsabilidades familiares. Porém, na realidade, grande parte do fardo estava fora do seu controle e algo tinha que mudar. A pandemia foi um golpe esmagador especialmente para as mulheres, pois milhões delas saíram da força de trabalho para assumir a maioria das responsabilidades de cuidadoras após o fechamento de escolas e creches.

O simples reconhecimento de que a ilusão de controle pode afetar quase todos nós pode ser um caminho para a redução da culpa que sentimos por todo e qualquer infortúnio. Ela nos dá a oportunidade de reorientação para as áreas da vida sobre as quais temos algum controle, como as interações com amigos, família e colegas de trabalho próximos.

“Quando nos concentramos naquilo que está sob nosso controle, nos preparamos para um resultado mais saudável”, diz Roese. “Se pudermos tomar algumas medidas para corrigir, consertar ou melhorar o que fizemos, estaremos em uma posição muito melhor".

Olhe para o futuro

Roese também destaca que o arrependimento tem um lado positivo importante, pois pode nos ajudar a ver como podemos mudar as coisas para melhor daqui em diante.

“Arrependimentos criam caminhos e ações alternativas em nossos cérebros”, diz Roese. “Eles também podem fornecer opções para se experimentar futuramente".

Roese aconselha a olhar o máximo possível para o futuro. “À medida que faz um balanço da sua vida, é fundamental transformar pensamentos de arrependimentos em oportunidades”, diz Roese. “Pergunte a si mesmo: de todas as mudanças, quais foram as forças positivas em minha vida? Qual delas posso continuar usando? Se puder tirar lições do que passou, esse é o melhor resultado possível”.

Ruminar o passado também pode inibir as pessoas de agir. E a pesquisa sugere que as pessoas tendem a se arrepender mais quando não tentam algo do que quando tentam e a tentativa não dá certo. Portanto, Roese tem uma sugestão: encontre uma ação positiva que possa realizar imediatamente.

Por exemplo, muitos profissionais se sentem desconectados do trabalho e colegas, ou inseguros em relação à sua produtividade. Em vez de ficar obcecado nesses sentimentos, uma ação positiva pode ser se abrir para outras pessoas, incluindo colegas, sobre essas lutas/batalhas.

“Ao ser vulnerável e compartilhar um detalhe pessoal, você cria uma conexão mais forte com outra pessoa”, diz Roese. “Essa é uma receita para maior intimidade que fortalece todos em uma relação de trabalho".

Reconheça que pode ser difícil seguir em frente

Roese avisa que estamos em um momento liminar. Com a variante delta do vírus em alta e a economia ainda incerta, não estamos “livres” da pandemia.

Sob essa ameaça, nosso sistema imuno-psicológico aciona suas defesas e não as desliga. Em outras palavras, quando uma ameaça perdura, as pessoas ficam “presas” em narrativas emocionais que torna difícil seguir em frente.

“A pandemia multiplicou essa experiência psicológica”, diz ele. “A COVID é um drama de longa duração em câmera lenta, que dificulta especialmente a nossa capacidade de lidarmos com a situação".

Com a possibilidade de uma aceitação emocional ainda longe no horizonte, é normal ainda não nos sentirmos bem. Também é compreensível que nem todos se sintam prontos para reformular ou aprender com seus arrependimentos.

“Com a distância do tempo, podemos olhar para trás e ver que sobrevivemos e nos concentrar em seguir em frente”, diz Roese. “Não creio que muitos de nós já tenhamos chego a este ponto em relação à COVID.

Featured Faculty

SC Johnson Chair in Global Marketing; Professor of Marketing; Professor of Psychology, Weinberg College of Arts & Sciences (Courtesy)

About the Writer

Susan Margolin is a writer based in Boston.

More in Marketing