Kellogg Insight - Em se tratando de equipes, o que é mais importante: talento puro ou um histórico de sucesso conjunto?
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Leadership Organizations jun. 3, 2019

Em se tratando de equipes, o que é mais importante: talento puro ou um histórico de sucesso conjunto?

Estudo realizado com equipes esportivas profissionais sugere que um fator é mais importante, mas as melhores equipes combinam os dois fatores.

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A team with the same players keeps winning together.

Michael Meier

Based on the research of

Satyam Mukherjee

Yun Huang

Julia Neidhardt

Brian Uzzi

Noshir Contractor

É um fenômeno que se vê muito nos esportes: Um treinador escala atletas de alto desempenho previsto para dominar a competição. No entanto, ao se deparar com um rival sem estrelas no time, a equipe de elite perde.

Pense no “Milagre no Gelo” das Olimpíadas de 1980, quando o time americano de jovens jogadores de hóquei venceu a União Soviética, anterior ganhadora de quatro medalhas de ouro. Ou o time de futebol da Alemanha em 2014 (descrito como ‘esquadrão anônimo” sem “super estrelas” em um artigo) trucidando o país anfitrião, Brasil, que almejava conquistar sua sexta vitória na Copa do Mundo.

“As pessoas se surpreendem quando o time dos sonhos perde", diz Brian Uzzi, professor titular de administração e organizações da Kellogg. “A gente espera que, com tanta potência em termos de talento, sem dúvida ganhariam. Mas, no entanto, isso não acontece”.

Esses resultados enigmáticos perduram em algumas perguntas de longa data, tanto no esporte quanto em outros campos, como negócios e pesquisa científica: O que é preciso para se criar uma equipe de sucesso? Quanto depende do talento individual e quanto da capacidade de trabalho em conjunto dos membros da equipe?

Para explorar essa pergunta, Uzzi e seus colegas examinaram um aspecto específico do trabalho em equipe: um histórico de vitórias compartilhadas. Os pesquisadores analisaram dados do basquete, futebol, críquete, beisebol e um jogo de computador on-line. A equipe descobriu que, como era de se esperar, o desempenho dos jogadores individuais foi importante para o sucesso da equipe. Porém, o histórico de vitórias dos companheiros de equipe também desempenhou um papel significativo.

"É preciso ter o talento como base", diz Uzzi. “Mas o talento não engloba todo o seu potencial, a menos que se trabalhe em equipe".

Talento vs. trabalho em equipe


Identificar os fatores que impulsionam o sucesso no trabalho em equipe é fundamental no mundo moderno. “Quase tudo o que os seres humanos fazem hoje, em termos de geração de valor, não é mais feito individualmente”, diz Uzzi. “Mas sim, por equipes. Assim, é muito importante entender o segredo das equipes para todos os tipos de realizações”.

Muitos pesquisadores acreditam que tanto o talento individual quanto o trabalho em equipe contribuem para o sucesso. No entanto, ainda não é clara a importância relativa de cada fator.

“A verdadeira pergunta é: Qual é a magnitude dos dois efeitos?” Uzzi pergunta. "Queremos tentar quantificar esse fator".

Uzzi colaborou com Noshir Contractor, professor titular de administração e organizações da Kellogg; Satyam Mukherjee, no Instituto Indiano de Administração Udaipur, que é um professor visitante remoto da Kellogg; Yun Huang na Northwestern University; e Julia Neidhardt na Technische Universität Wien.

Os pesquisadores levantaram a hipótese de que as equipes que já haviam trabalhado juntas teriam mais êxito do que as que não possuíam essa experiência, pois os membros da equipe poderiam aplicar as lições aprendidas desse histórico. E acreditaram que, especificamente, as equipes que tiveram sucesso no passado teriam uma vantagem perante as demais sem esse histórico.

Depois de uma experiência negativa, os membros da equipe tendem a se culpar, não se lembram dos detalhes e compartilham menos informações, diz Uzzi. Quando as pessoas compartilham uma experiência positiva, diz ele, há uma grande probabilidade de que conversem e se lembrem de detalhes vívidos, o “que se torna a base para o aprendizado", diz Uzzi. “Acontece o oposto quando se perde”.

Dos esportes às batalhas on-line


Os pesquisadores se dedicaram aos esportes, "onde há uma enorme quantidade de dados disponível sobre desempenho individual", diz Uzzi. Eles obtiveram estatísticas individuais e das equipes da National Basketball Association, da English Premier League (futebol), da Major League Baseball e da Indian Premier League (críquete). A equipe também analisou uma semana inteira de dados do Defense of the Ancients 2, um jogo on-line onde duas equipes de jogadores competem entre si.

Os pesquisadores puderam ver quais jogadores individuais já haviam ganho outros jogos juntos tanto para cada esporte quanto para o jogo de computador. Em seguida, os pesquisadores calcularam uma pontuação que captou o nível geral de vitórias compartilhadas da equipe. Analisaram também estatísticas sobre o desempenho individual, como gols ou pontos por jogo.

Em seguida, criaram um modelo computacional que tentava prever qual equipe venceria uma determinada partida. Se o modelo considerasse apenas o talento individual e não o trabalho em equipe no passado, previa os resultados dos jogos com precisão de 54% a 73%, dependendo do tipo de competição. Se o modelo fosse modificado para incluir dados sobre sucesso compartilhado no passado, a precisão aumentava em 2 a 7 pontos percentuais.

Em outra análise, os pesquisadores tentaram descobrir a importância relativa do talento e do sucesso compartilhado no passado. O modelo criado estimou que o talento individual explicava cerca de 6% a 28% da variação no desempenho da equipe, enquanto que o sucesso passado da equipe explicava outros 1-16% da variação.

Experiências positivas compartilhadas pareciam ser mais importantes para o críquete e beisebol. Mukherjee tem a hipótese que as vitórias compartilhadas no passado podem importar menos no futebol e no basquete, porque muitos pontos são marcados pelos atacantes, o que já não acontece no críquete e no beisebol, onde todos os jogadores da equipe têm maior oportunidade de aumentar o placar.

Como criar uma equipe de sucesso


No geral, os números sugerem que o talento individual é mais importante que o trabalho em equipe. Porém, não se deve interpretar esse resultado concluindo que para vencer é suficiente apenas recrutar os melhores talentos. “Ser capaz de trabalhar em equipe ainda é um fator significativo", diz Uzzi.

Nos esportes profissionais, por exemplo, os talentos geralmente estão dispersos entre várias equipes. Com esses profissionais de alto desempenho amplamente distribuídos, “ter a capacidade de jogar em equipe se torna mais importante”, diz ele.

Uzzi acredita que esses resultados também podem ser generalizados para o mundo dos negócios. As empresas muitas vezes enfrentam problemas porque “apostam nos melhores talentos, que por sua vez não se dão muito bem entre si”, diz ele.

Sendo assim, as empresas devem sempre contratar pessoas que tiveram sucesso trabalhando com membros da equipe no passado e evitar mudanças nas equipes bem-sucedidas? Não necessariamente. Depois de algum tempo, uma equipe “pode desenvolver novos tipos de pontos cegos”, diz Uzzi. Por exemplo, podem continuar usando sempre o mesmo método ao invés de inovar. Embora seja uma função dos gerentes garantir uma boa integração entre os funcionários, é importante também que os líderes incentivem haver algum tipo de rotatividade para trazer novas perspectivas e habilidades.

“Não é uma boa ideia trocar a diversidade por fazer com que as pessoas trabalhem bem juntas", diz Uzzi. “É realmente necessário se ter os dois fatores".

Featured Faculty

Richard L. Thomas Professor of Leadership and Organizational Change; Professor of Management and Organizations

Professor of Management & Organizations; Jane S. & William J. White Professor of Behavioral Sciences, McCormick School of Engineering

About the Writer
Roberta Kwok is a freelance science writer based near Seattle.
About the Research
Mukherjee, Satyam, Yun Huang, Julia Neidhardt, Brian Uzzi, and Noshir Contractor. 2019. “Prior Shared Success Predicts Victory in Team Competitions.” Nature Human Behaviour. 3: 74–81.

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