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Leadership Organizations ago. 3, 2015

Fingir até chegar onde quer? Calma aí...

Como compensar quando não é possível sermos autênticos.

A woman contemplates "fake it until you make it"

Yevgenia Nayberg

Based on the research of

Francesca Gino

Maryam Kouchaki

Adam D. Galinsky

Nossa vida e carreiras apresentam muitos exemplos de comportamento inautêntico. Fingimos demonstrar interesse em reuniões ou rimos das piadas sem graça dos nossos chefes no intuito de sermos membros positivos da equipe, fomentarmos relacionamentos e realizarmos objetivos compartilhados. É assim que conseguimos nos relacionar e é como alguns de nós temos êxito.

Entretanto, segundo Maryam Kouchaki, professora de gestão e organizações na Kellogg School, paga-se um preço pela nossa falsidade crônica. Em sua mais recente pesquisa, Kouchaki, juntamente com Francesca Gino, da Universidade de Harvard, e Adam D. Galinsky, da Universidade Columbia, mostra que ser realmente inautêntico faz com que nos sintamos imorais.

"Não devemos ignorar o sofrimento psicológico que acompanha o comportamento inautêntico", diz ela. "Assim como um ato imoral viola as normas morais amplamente aceitas da sociedade e produz sentimentos negativos, um ato inautêntico viola o sentimento de ser verdadeiro a si mesmo e pode também gerar os mesmos sentimentos negativos".

Sensação repulsiva
A pesquisa de Kouchaki é a primeira demonstração empírica de que a autenticidade e a moralidade estão ligadas desta forma. Em cinco estudos, ela e seus colegas descobriram que, quando foram convidados a recordar "um momento na vida pessoal ou profissional quando se comportou de forma que fez você se sentir inautêntico", os participantes expressaram maiores sentimentos de impureza moral do que os que se lembraram de uma experiência neutra. Em uma escala de sete pontos, os que descreveram uma experiência inautêntica classificaram seus sentimentos de impureza a 3,56, em média, em comparação com a média de 1,51 dos participantes do grupo de controle.

Os pesquisadores também descobriram que a recordação da inautenticidade fez com que a pessoa apresentasse um desejo de autolimpeza. As pessoas que redigiram textos pessoais sobre comportamento inautêntico geraram mais palavras relacionadas à limpeza durante um teste subsequente de preenchimento de palavras (palavras como lavar, chuveiro e sabão); expressaram maior interesse em produtos de limpeza (como sabonete Dove, pasta de dentes Crest e detergente Tide) em detrimento de produtos neutros (como Post-it, pilhas Energizer e chocolates Snickers) e demonstraram maior desejo de comportamentos de limpeza (como tomar banho ou lavar as mãos) em relação a comportamentos neutros (como assistir TV ou ouvir música). "O simples ato de lembrar estes comportamentos inautênticos nos faz sentir sujos", diz Kouchaki.

Os sentimentos de sujeira persistem, mesmo quando as ações inautênticas não estavam sob nosso controle. Em um estudo distinto, perguntou-se a um grupo de alunos se as descrições dos cursos deveriam incluir classificações de dificuldade.

Em seguida, alguns participantes redigiram um texto apoiando a opinião que haviam acabado de expressar, enquanto os demais escreveram apoiando a opinião em que não acreditavam. Os alunos que redigiram textos "inconsistentes" mostraram maior desejo de limpeza do que os que manifestaram sua opinião sincera, muito embora tenham sido instruídos a assumir tal posição pelos pesquisadores.

Compensação moral
Se o comportamento inautêntico nos faz sentir menos puros, o que fazer para compensar? "Sentir-se imoral ou impuro é uma ameaça ao autoconceito de moral", diz Kouchaki. "Quando o autoconceito de moral é ameaçado, a pessoa necessita lidar com isso".

Uma maneira de compensar os sentimentos de impureza é limpar-se fisicamente, como sugerido pelos desejos dos participantes em estudos anteriores. Mas essa não é a única estratégia. Em um estudo de acompanhamento, os pesquisadores descobriram que o sentimento de falsidade pode levar as pessoas a se envolver em comportamentos "pró-sociais", como oferta de ajuda ou doação de dinheiro. Quando surgiu a oportunidade de preencher um questionário opcional de 15 minutos para ajudar os pesquisadores, um terço das pessoas que se lembraram de casos anteriores de inautenticidade o fizeram, e apenas 17% das pessoas que haviam escrito sobre um momento em que se sentiram honestas consigo mesmas concordaram em ajudar. (Curiosamente, as que tiveram a oportunidade de lavar as mãos já não mais sentiam necessidade de participar de comportamentos pró-sociais.)

Seja por meio da autolimpeza ou do comportamento pró-social, todos nós estamos disposto a proteger nossa própria identidade como seres morais. "Todos temos certa zona de conforto quando se trata do nosso autoconceito moral", diz Kouchaki. O nível pode ser diferente entre um santo e um assassino, mas a dinâmica básica é verdadeira: quando as pessoas agem de forma inautêntica, elas encontram uma maneira de voltar a essa zona de conforto. "Temos um tipo de dívida moral causada pelo comportamento inautêntico".

O custo do trabalho emocional
O fato de o comportamento inautêntico ameaçar nosso senso de moralidade pode lançar luz sobre certos aspectos do ambiente de trabalho moderno. Por exemplo, vejamos o engajamento dos funcionários. Segundo uma pesquisa do Gallup de 2013, apenas 13% dos funcionários em todo o mundo estão engajados no trabalho. Os que eventualmente pedem demissão dos seus empregos, citam frequentemente a frustração, o excesso de trabalho, a desilusão e o desalinhamento com os valores pessoais.

Kouchaki crê que este desligamento do funcionário pode ser causado em parte pelo sofrimento moral. "O comportamento que aliena as pessoas delas mesmas sempre terá um efeito", diz ela.

Funcionários de hotéis, por exemplo, podem mostrar sorrisos com a boca fechada e comportamentos impecáveis até mesmo nas interações mais desagradáveis com turistas. Kouchaki chama isso de "atuação superficial", um comportamento comum das pessoas cujos empregos dependem de cortesia e moderação constantes. "Este tipo de trabalho emocional tem consequências", diz ela.

Para os líderes empresariais, vale a pena levar em consideração estas consequências. Se o descontentamento do funcionário baseia-se em infringir valores morais, mesmo a um nível subconsciente, pode valer a pena levar em conta quão autênticos os funcionários podem ser em suas funções específicas. "Parece verdade que agir de acordo com as próprias convicções, emoções e valores é um aspecto fundamental do bem-estar", diz Kouchaki. "Talvez seja uma boa ideia os líderes levarem isso em consideração. Saber que o comportamento inautêntico sai caro e que o comportamento pró-social, como ajuda ou o mentoring de um colega, aumenta a autoestima moral deve ser um fator que os líderes possam levar em consideração ao planejar suas organizações".

Em outras palavras, é importante observar que ameaças contra o autoconceito moral de uma pessoa é diferente de outros estados mentais negativos, como sentir-se confuso, desrespeitado ou sobrecarregado. Instruções claras, feedback positivo e horários flexíveis são sem dúvida positivos, mas se os líderes quiserem manter os seus funcionários envolvidos pelo maior tempo possível, o principal pode ser entender sua necessidade de um autoconceito moral positivo.

Sem dúvida, ser fiel a si mesmo é uma proposta complexa. "Como seres humanos, temos múltiplas identidades e nossa identidade depende de qual personalidade é mais saliente em determinado momento", diz Kouchaki. Nossas identidades se transformam diariamente, de pai para profissional, de parceiro para amigo.

Ainda assim, o esforço pode valer a pena. "Eu diria que é importante permanecer fiel a si mesmo, mesmo que seja difícil, porque notamos que sai caro se afastar muito longe dos seus valores pessoais".

About the Writer
Drew Calvert is a freelance writer based in Iowa City.
About the Research

Gino, Francesca, Maryam Kouchaki, and Adam D. Galinsky. 2015. “The Moral Virtue of Authenticity: How Inauthenticity Produces Feelings of Immorality and Impurity.” Psychological Science (in press).

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