Kellogg Insight - Sentar-se perto de um colega com alto desempenho pode lhe transformar para a melhor
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Organizations Leadership mai. 8, 2017

Sentar-se perto de um colega com alto desempenho pode lhe transformar para a melhor

O “transbordo” de certos colegas de trabalho pode aumentar a nossa produtividade ou por em jogo o nosso emprego.

The spillover effect in offices impacts workers in close physical proximity.

Michael Meier

Based on the research of

Michael Housman

Dylan Minor

As pessoas que se sentam próximas a nós no trabalho inevitavelmente afetam nosso dia a dia. Elas podem melhorar nosso humor ou nos deixar loucos.

Além disso, nossos vizinhos de trabalho podem realmente mudar a qualidade da nossa própria função.

Pesquisadores analisaram o entorno dos profissionais de alto desempenho em uma grande empresa de tecnologia, em um raio de 7,6 metros, e descobriram que esses funcionários aumentaram em 15% o desempenho dos colegas de trabalho. Esse "transbordo positivo" se traduziu em US$1 milhão em lucros anuais agregados, de acordo com uma nova pesquisa de Dylan Minor, professor assistente de economia gerencial e ciências decisórias na Kellogg School.

Obviamente, o outro lado da moeda é que os maus exemplos também afetam seus vizinhos. O transbordo negativo dos chamados trabalhadores tóxicos é ainda mais evidente, tendo às vezes o dobro da magnitude do impacto nos lucros se comparado ao transbordo positivo. No entanto, apesar de este transbordo tóxico acontecer muito rapidamente, também se dissipa quase que imediatamente assim que o trabalhador é demitido ou relegado aos confins físicos distantes da empresa.

O que significa que as empresas têm, possivelmente, uma maneira bastante barata de aumentar a produtividade. Basta mudar algumas mesas de lugar, ao invés de gastar dinheiro em treinamentos e recrutamentos caros, diz Minor. Em uma época em que as empresas estão fazendo experiências com plantas abertas e outros arranjos de estações de trabalho não tradicionais, há muito em jogo. A pesquisa de Minor fornece respostas tangíveis para os líderes que pensam em como agrupar seus funcionários.

"As empresas estão percebendo que, 'puxa, a gestão do espaço é realmente importante. Vamos trabalhar um pouco mais para pensar em como fazer isso de boa forma", diz ele.

O efeito transbordo

Esta pesquisa surgiu do trabalho anterior de Minor e o co-autor Michael Housman, da  HiQ Labs, que se concentrava apenas em trabalhadores tóxicos. Usando dados da empresa de consultoria Cornerstone OnDemand, os pesquisadores analisaram mais de 58 mil trabalhadores horistas em 11 empresas bem conhecidas. Os autores escobriram que o impacto financeiro negativo de um trabalhador tóxico — US$12.800 pelos seus cálculos — era muito maior do que o ganho financeiro proveniente de um superstar. 

Minor e Housman apresentaram suas descobertas às empresas envolvidas. Uma empresa de tecnologia na Califórnia, que fazia parte do estudo, abordou os pesquisadores e perguntou se poderiam detalhar os dados. A empresa se perguntou, como a proximidade física afetava o transbordo?

"Nós sabemos, desde o jardim de infância, que as pessoas que sentam ao seu lado podem influenciar", diz Minor.

Mas não é tão simples assim. As pessoas não são uniformemente boas ou ruins em seus empregos. Muitas se destacam em algumas áreas e ficam na média ou abaixo da média em outras. "No mundo de hoje, a maioria dos trabalhos que realizamos é muito multidimensional", diz Minor. "Nós não estamos apenas juntando as pecinhas, uma de cada vez".

Sendo assim, o que a proximidade física causou quando o trabalho dos funcionários foi abordado de forma multidimensional? Para explorar isso, Minor e Housman obtiveram dois anos de informações detalhadas sobre o desempenho de mais de 2.000 trabalhadores na empresa de tecnologia. Eles escolheram duas medidas de desempenho — velocidade e qualidade — e aplicaram a cada um dos trabalhadores um ranking de alto ou baixo desempenho.

Eles também definiram os trabalhadores tóxicos da mesma forma que em suas pesquisas anteriores, como qualquer um cujo comportamento era tão ruim que foram demitidos. Os trabalhadores tóxicos acabaram somando cerca de 2% dos trabalhadores estudados.

Em seguida, os pesquisadores literalmente mapearam onde cada funcionário se sentava e analisaram como o trabalho de cada pessoa mudou ao longo do tempo à medida que houve uma mudança em seus vizinhos.

Transbordo positivo

Primeiro as boas notícias.

Ter um vizinho de alto desempenho é um bônus para todos. Os funcionários que foram classificados como de alto desempenho em termos de velocidade ou em qualidade aumentaram o desempenho daqueles que estavam dentro de um raio de 7,6 metros.

O impacto foi particularmente forte naqueles que foram combinados com alguém que possuía uma habilidade complementar. Em outras palavras, se Maria apresenta alto desempenho em velocidade e Joana é classificada como baixo desempenho, a velocidade de Joana irá melhorar quando ela se sentar perto de Maria, mais do que se ambas já fossem trabalhadores rápidas. O mesmo se aplica à qualidade.

E, fundamentalmente, a velocidade de Maria não será comprometida por sua vizinha mais lenta.

"A parte boa é que, quando juntamos essas pessoas, elas não terão seus pontos fortes comprometidos materialmente", diz Minor. "Elas só vão aprimorar em seus pontos fracos".

Essa ideia de combinar pessoas com pontos fortes complementares faz sentido quando a habilidade em questão é algo que tem um limite superior finito, como a velocidade, explica Minor. Mas, para outras habilidades, como a criatividade, onde não existe um limite superior real, pode fazer sentido parear as pessoas com os mesmos pontos fortes, de modo que seu transbordo positivo evite que o outro faça cada vez mais trabalho criativo.

Transbordo negativo

Agora, as más notícias.

Os trabalhadores tóxicos são, de fato, muito tóxicos. E eles infectam seus vizinhos muito rapidamente.

"Assim que uma pessoa tóxica surge ao seu lado, seu risco de se tornar tóxico aumenta", diz Minor. E, enquanto o transbordo positivo ficou limitado a um raio de cerca de 7,6 metros, com os trabalhadores tóxicos "você pode ver sua marca e o efeito negativo em um andar inteiro".

Tenha em mente que os pesquisadores definiram tóxico com bastante restrição, como alguém que é demitido em decorrência de seu comportamento. Isso significa que o simples fato de se sentar perto de alguém que é demitido significa que agora você tem mais probabilidade de cometer um ato odioso o suficiente para merecer uma demissão. 

E este transbordo tóxico ocorre quase que imediatamente. Os pesquisadores viram os vizinhos se tornarem ruins, por assim dizer, assim que esse vizinho tóxico apareceu. Em contrapartida ao que ocorre no transbordo positivo, que impulsiona a velocidade ou a qualidade, que geralmente leva um mês para causar impacto em um vizinho de baixo desempenho.

Por que o transbordo negativo é muito mais poderoso do que o positivo? Minor acredita que isto se assemelha a muitos outros estudos psicológicos que mostram que "os efeitos negativos têm magnitude maior do que os efeitos positivos". Por exemplo, perder US$100 é mais doloroso do que o prazer de ganhar US$100.

Mas, mesmo entre os tóxicos, há motivos para se tranquilizar, diz Minor. "Assim que eles sejam transferidos ou demitidos, seu risco diminui quase que imediatamente". Além disso, ele acrescenta, "a maioria das pessoas não é tóxica".

Aprendizagem versus pressão dos pares

Em seguida, os pesquisadores exploraram o por quê do transbordo. As pessoas estão aprendendo o comportamento bom ou ruim dos seus vizinhos ou trata-se da pressão dos pares no trabalho?

Os autores argumentaram que se os funcionários estivessem aprendendo com aqueles que estão próximos, então os efeitos positivos ou negativos continuariam depois que seus vizinhos influentes fossem embora. Mas os dados mostraram que os transbordos positivos e negativos eram transitórios.

Embora isso seja uma infelicidade com relação ao transbordo positivo (não seria ótimo se o funcionário que melhorou continuasse sendo incrível para sempre?), são boas notícias na área negativa.

"Você poderia ter esse outro tipo de modelo, onde as pessoas aprendem a se tornar criminosas ou idiotas, e depois continuam criminosas ou idiotas", diz Minor.

A gestão do espaço é importante

As descobertas dos pesquisadores fornecem alguns conselhos tangíveis para os gestores.

Além de medir o transbordo, Minor estava interessado em descobrir que, pelo menos entre os trabalhadores horistas que estudou, realmente não havia um trabalhador altamente qualificado em tudo.

“Não existe de fato aquele superstar completo", diz ele. "Trata-se mais de encontrar especialistas diferentes de forma que você possa combiná-los".

Ele aconselha os líderes a pensar a respeito dos pontos fortes que querem em seus funcionários e, então, restringir isso para os dois ou três mais importantes. Em seguida, os líderes devem decidir se combinam as pessoas com habilidades semelhantes ou complementares em locais próximos umas das outras, com base no fato de as habilidades terem um limite máximo, como a velocidade, ou não, como a criatividade.

"Você pode de fato medir muitas coisas e ser bastante científico a respeito do estabelecimento de uma ótima gestão do espaço da organização", diz Minor.

No entanto, muitas das mudanças nos layouts de escritório não foram feitas cientificamente. Minor está trabalhando com a mesma empresa agora para analisar os pontos positivos e negativos das plantas abertas. Outros escritórios estão experimentando diferentes disposições de estações de trabalho não tradicionais, diz ele, tais como "trabalhadores nômades", onde as pessoas não contam com mesas fixas e simplesmente trabalham onde quiserem.

"Os arquitetos estão tentando todo tipo de loucura", diz Minor. "Há muitos tipos de teorias por trás disso, mas pouquíssima baseada em pesquisa".

Featured Faculty

Member of the Department of Managerial Economics & Decision Sciences faculty until 2018

About the Writer
Emily Stone is the senior research editor at Kellogg Insight.
About the Research
Housman, Michael, and Dylan Minor. 2016. “Organizational Design and Space: The Good, the Bad, and the Productive.” Working paper.

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