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Member of the Department of Managerial Economics & Decision Sciences faculty until 2018
Yevgenia Nayberg
As empresas sabem que é possível atrair e reter os melhores talentos oferecendo bônus generosos, salas exclusivas ou opções de ações. Mas o que fazer com os trabalhadores no outro extremo do espectro que são um peso para o desempenho da empresa? Quanta atenção as empresas devem dedicar a estes funcionários problemáticos?
Muita, de acordo com uma nova pesquisa realizada por Dylan Minor da Kellogg School.
Minor e seu coautor observam "trabalhadores inescrupulosos", aqueles que se envolvem em comportamentos ilegais ou antiéticos que podem prejudicar organizações. Segundo os pesquisadores, os trabalhadores inescrupulosos realizam trabalhos de qualidade inferior, espalham comportamento antiético para outros funcionários e diminuem a satisfação dos clientes.
Na verdade, o custo associado à contratação de trabalhadores inescrupulosos é maior do que o benefício de se empregar um trabalhador com ótimo desempenho. Em outras palavras, em termos financeiros, pode ser melhor para as organizações investirem recursos para lidar com seus trabalhadores inescrupulosos do que concentrar suas energias nas estrelas.
A pesquisa também identifica preditores de comportamentos sem escrúpulo e propõe estratégias que as empresas podem usar para que não fiquem sobrecarregadas com esses funcionários problemáticos.
Um problema comum, porém pouco estudado
Minor, professor assistente de economia de gestão e ciências da decisão, há tempos tem interesse nos fatores que influenciam no projeto de organizações eficazes. Ele e o coautor Michael Housman, executivo atuante na empresa de software de gestão de talentos Cornerstone OnDemand, decidiram investigar as ramificações dos trabalhadores inescrupulosos, um tema de pesquisa que até então havia sido pouco estudado.
"Já se escreveu muito sobre profissionais de alto desempenho, os superstars", diz Minor, "mas precisamos entender o outro lado do espectro".
Os pesquisadores usaram um conjunto de dados da Cornerstone, uma empresa de consultoria que presta testes às empresas para a avaliação de candidatos a emprego e os funcionários. Os dados incluíram o modo como os funcionários autoavaliaram suas habilidades, o quanto suas habilidades eram boas quando testadas, bem como seu desempenho na contratação contratados e os motivos pelos quais foram demitidos. Os dados abrangiam mais de 58.000 trabalhadores horistas em 11 empresas bem conhecidas durante vários anos.
"A riqueza de dados nos permitiu acompanhar os trabalhadores ao longo do tempo e observar os preditores e as consequências da falta de escrúpulos", diz Minor.
Quão comum seria o comportamento inescrupuloso, o qual os pesquisadores definiram como "uma violação flagrante da política da empresa", que resultou em demissão involuntária? Na amostra dos pesquisadores, um determinado funcionário tinha cerca de 5% de chance de se envolver em comportamento inescrupuloso, como assédio sexual ou fraude, durante o período observado.
O custo elevado dos trabalhadores inescrupulosos
Os trabalhadores inescrupulosos podem trazer graves consequências para as empresas, muitas vezes parecendo ótimos trabalhadores, mas na verdade minando a reputação da empresa.
A pesquisa constata que funcionários inescrupulosos concluíam seu trabalho mais rapidamente do que outros funcionários. Isso pode explicar por que uma empresa de investimentos, por exemplo, pode não notar que um trader desonesto aparentemente bem-sucedido tem, na verdade, comportamento questionável. Mas, em última análise, os trabalhadores inescrupulosos tendem a entregar um trabalho de qualidade inferior, conforme medido pela satisfação do cliente.
"No curto prazo, parece que eles estão desempenhando bem", diz Minor, "mas a má qualidade do seu trabalho pode prejudicar a reputação da empresa".
Além disso, uma maior densidade de funcionários antiéticos em um grupo de trabalho específico aumenta a probabilidade de os outros membros do grupo apresentarem comportamento antiético. Na verdade, quando uma pessoa fazia parte de um grupo de trabalho com uma alta densidade de funcionários inescrupulosos, Minor notou um aumento de 47% na probabilidade de a pessoa se tornar inescrupulosa.
"É uma forma prejudicial de 'contaminação ética'", diz Minor. "Dá para se pensar no comportamento como uma espécie de vírus, fazendo com que o "trabalhador inescrupuloso" gere tendências".
Qual o custo dos trabalhadores inescrupulosos? Para quantificar o prejuízo que causam, os pesquisadores compararam o valor da contratação, com base em dados de desempenho, de um super funcionário com a simples ação de eliminar um funcionário inescrupuloso.
Os resultados foram surpreendentes. Um superstar que está entre os 1% melhores, que é um profissional de alto desempenho muito raro, traz US$5.300 em valor adicional fazendo mais trabalho do que um funcionário médio. A substituição de um trabalhador inescrupuloso por outro mediano cria um valor estimado em US$12.800 em economias de custo no mesmo período, reduzindo o custo da rotatividade referente ao trabalhador inescrupuloso. Da mesma forma, a substituição de um trabalhador inescrupuloso rendeu quase quatro vezes o valor da contratação de um profissional com desempenho entre os 10% melhores.
"Isto sequer leva em conta os efeitos de contaminação dos outros funcionários, despesas do cunho jurídico e de reputação dos trabalhadores inescrupulosos", diz Minor. "Sendo assim, acredito que seja uma estimativa conservadora".
Preditores de falta de escrúpulos
O trabalho dos pesquisadores descobriu vários preditores de comportamento inescrupuloso.
Um tem a ver com a autoconfiança. Os funcionários da amostra autoavaliaram suas habilidades técnicas em diversas áreas. Em seguida, suas avaliações foram comparadas com as medidas subsequentes de suas capacidades reais, produzindo uma medida acima/abaixo da confiança. O excesso de confiança foi um forte preditor de comportamento inescrupuloso.
"De uma perspectiva econômica, o excesso de confiança muitas vezes significa adotar uma estima errada em sua probabilidade", diz Minor, "inclusive subestimando a probabilidade de se ser flagrado fazendo algo antiético". Trabalhadores relataram confiança excessiva sobre suas habilidades em planilhas, por exemplo, podem também ter superestimado sua capacidade de ocultar atrasos ou trapacear em cartões de ponto.
Várias perguntas do questionário de triagem de emprego avaliaram o quanto os candidatos eram "empáticos", ou seja, o quanto estavam dispostos a lidar com as preocupações de outras pessoas. Não surpreendeu que, quanto maior a empatia dos candidatos, menor a probabilidade de serem inescrupulosos.
Outro indicador foi ainda mais surpreendente: os funcionários que concordaram com declarações da triagem, como "Acredito que as regras são feitas para serem obedecidas", eram mais propensos a se envolver em ações inescrupulosas. "Podemos pensar nisso como um teste de honestidade inteligente", diz Minor. "A maioria das pessoas entende que há momentos em que talvez não faça sentido seguir as regras". Assim, as pessoas que endossaram rigidamente o respeito às regras, talvez ironicamente, eram mais propensas a infringi-las.
Finalmente, o enquadramento incorreto da função, quando os funcionários estavam em cargos que não complementavam corretamente seus talentos, foi outro preditor de comportamento inescrupuloso.
Como o gestor deve agir?
Como as empresas se livram dos trabalhadores inescrupulosos?
Hoje em dia, evitar tem sido a principal ferramenta. A maioria das empresas tenta excluir esses candidatos na fase de contratação. Minor defende uma intervenção mais estratégica. "A falta de escrúpulos provavelmente emerge de uma combinação de natureza e criação", diz ele. "Assim, embora possa haver uma predisposição a esses comportamentos, é preciso fornecer o tipo certo de educação para impedi-los, da mesma forma de que colocar todos os criminosos na prisão certamente reduz a criminalidade, mas a recuperação pode ser uma abordagem melhor para alguns deles".
Minor está trabalhando em pesquisa de acompanhamento que observa dados mais detalhados de uma das empresas que faziam parte do grande conjunto de dados. Ele está interessado em observar as pessoas que são inescrupulosas em relação às outras ao seu redor, mas cujo comportamento não seja tão extremo ao ponto de ser ilegal. Qual o impacto causado por essas pessoas nos seus colegas de trabalho e na empresa?
Também está interessado na distribuição física de espaço de trabalho no que se refere a trabalhadores inescrupulosos, e leva isso em conta em sua nova pesquisa.
"Os trabalhadores inescrupulosos tendem a espalhar seu efeito em um andar inteiro de trabalhadores, em contraponto aos trabalhadores altamente produtivos que tendem a causar impacto positivo somente a uma curta distância das pessoas com quem trabalham", diz ele. "Você deve colocá-lo [o trabalhador inescrupuloso] no canto de uma área de trabalho, no meio? Você deve colocá-los ao lado de um supervisor? Onde deve ficar posicionado o trabalhador de alto desempenho? Qual é a maneira ideal de configurar isso para maximizar o valor de uma estrela do desempenho e reduzir a contaminação de um trabalhador inescrupuloso?"
Housman, Michael, and Dylan Minor. 2014. “Toxic Workers.” Working Paper.