Kellogg Insight - O ChatGPT chegou para ficar. Como isso altera a vida da gerência?
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Operations jul. 21, 2023

O ChatGPT chegou para ficar. Como isso altera a vida da gerência?

Quatro dicas para liderar uma equipe na era de IA generativa.

explorers in a cave full of treasure

Michael Meier

Based on insights from

Robert L. Bray

É óbvio que o ChatGPT e outros modelos de linguagem em grande escala vieram para ficar. Empresas proativas já começaram a fazer mudanças em suas operações, planos de marketing e estratégias de dados para se adaptar a esses novos recursos.

Porém, de que forma os gerentes devem adaptar suas funções para adotar o ChatGPT?

Robert Bray, da Kellogg, estudou muito esse assunto porque, na verdade, não teve muita escolha. No ano passado, ele publicou um livro didático para estudantes de MBA sobre como usar a popular linguagem de programação R. Agora temos o ChatGPT. O poderoso modelo de linguagem conseguia tratar dos problemas de codificação mais desafiadores de seus alunos. E embora muita coisa sobre o ChatGPT permaneceu (e permanece) incerta, o que ficou instantaneamente claro é que seu livro didático, mesmo tendo sido elaborado com muito afinco – e todo o curso que ele havia criado em torno dele – agora havia se tornado obsoleto.

Então, Bray se recompôs e redesenhou o curso para incorporar o ChatGPT. No processo, ele passou a entender como a ferramenta pode ser usada para ajudar pessoas com diferentes níveis de especialização e interesse, ajudando-as a adquirir novas habilidades e sanar novos problemas. A conclusão em que chegou foi: isso mudará muito a maneira de se trabalhar e administrar negócios.

“É como se uma caverna estranha se abrisse, repleta de tesouros estranhos", diz Bray. Os gerentes precisarão ajudar suas equipes a encontrar maneiras de usar os novos tesouros "ativa e criativamente" a seu favor.

Bray se reuniu recentemente com a Kellogg Insight para compartilhar ideias sobre como os gerentes podem utilizar esses recursos desta maneira.

O líder da expedição é você: agora, tem que animar a equipe

O ChatGPT capacita os funcionários a serem criativos de maneiras novas e inesperadas. Assim, por sua vez, você deve capacitar a equipe para que possam encontrar essas maneiras. Ao brincar com a ferramenta, as equipes começarão a aprender quais tarefas esta tecnologia está equipada para ajudar, quais não está e quais tarefas que nem existiam há um ano agora são bem fáceis de realizar.

“O ChatGPT habilita diversas coisas novas que podem ser feitas, mas são coisas bastante específicas, e muitas vezes são coisas estranhas, que nunca pensamos antes", diz Bray. “É preciso usar ativamente o recurso e pensar em como agir”.

Na maioria das profissões, “as pessoas trabalham de uma certa maneira há muito tempo: já conhecem todas as dicas e truques. Agora, de repente, foi desbloqueada uma série de dicas e truques que teria sido absolutamente impossível no ano passado”, diz ele.

Vamos falar sobre análise de sentimentos, que se define como o uso de ferramentas computacionais para analisar textos em busca de evidências sobre como as pessoas pensam negativa ou positivamente sobre um tópico (geralmente, uma marca). Historicamente, era algo muito difícil para fazer ser feito usando a automação; medições antigas, como a contagem de frequências de palavras, era algo bem imperfeito. Porém, "agora, o ChatGPT tornou a análise de sentimentos algo totalmente trivial", diz Bray.

Na matéria que leciona, Bray descobriu ser altamente motivador pedir aos alunos que apresentassem as dicas e truques que aprenderam para solucionar problemas. "Os seres humanos são intrinsecamente curiosos", diz Bray. “Depois que alguém mostra algo legal aos outros, que deixa todos muito impressionados e que facilita a vida de todo mundo, o que descobri foi que os alunos ficaram realmente muito animados”.

Ele sugere que os gerentes devem considerar fazer algo semelhante. Será um tudo ou nada. “Se você e sua equipe não estão indo atrás de [novas oportunidades] e não pensam em como usar essa ferramenta de uma forma criativa, pode ter certeza de que a concorrência está", diz Bray. “Você simplesmente vai perder uma grande parcela do mercado para esses caras".

Alinhar os incentivos

A motivação intrínseca é poderosa, mas só levará sua equipe até um determinado ponto, especialmente em ambientes de trabalho onde os colegas foram acostumados a concorrer uns contra os outros. Os funcionários também podem ficar preocupados com o fato de que quaisquer ganhos de produtividade que apresentem sejam usados contra eles, talvez na forma de aumento das expectativas sobre o que devem fazer, a um grau injusto ou fora da realidade.

Bray aconselha oferecer uma série de incentivos - incluindo incentivos monetários - a aquelas pessoas que descobrem e compartilham novas maneiras de sanar os problemas da empresa.

No que se refere às expectativas de produtividade, diz Bray, a flexibilidade será fundamental.

"Você vai ver melhorias drásticas de produtividade, e verá a produtividade diminuir: ambos vão acontecer", diz Bray. Assim, em vez de presumir a priori como a carga de trabalho de um funcionário provavelmente será afetada com base em um cálculo simples (ou um único teste com a duração de uma semana), os gerentes precisarão ser pacientes, seguir o fluxo planejado e trabalhar junto aos funcionários para garantir que o ChatGPT seja um recurso benéfico para a empresa.

Esteja disposto a ver as maneiras pelas quais os modelos de linguagem generativa mudarão o trabalho em grupo

Esta dica é bastante simples: com a IA, alguns projetos que costumavam necessitar de quatro pessoas podem precisar apenas de duas para gerar o mesmo número e qualidade de soluções. Manter o número de pessoas para fazer um trabalho que usa o ChatGPT pode levar não apenas a uma má alocação de recursos, mas a ineficiências.

“Quatro pessoas mais quatro sessões de ChatGPT? Parece mais como se oito pessoas estivessem envolvidas, ou seja, muito cacique para pouco índio. É muita coisa para um projeto de codificação”, diz Bray.

Além disso, de maneira geral, o trabalho em grupo parece estar por um fio, pelo menos para determinados projetos. Bray descobriu que seus alunos muitas vezes preferiam trabalhar sozinhos (com o ChatGPT) em vez de colaborar com colegas, especialmente onde o resultado do modelo poderia ser verificável instantaneamente.

Para equipes altamente colaborativas, isso pode ser uma grande mudança, algo que os gerentes precisarão ponderar com cuidado.

“Antigamente, havia problemas tão difíceis que tínhamos que alocar muitas pessoas para solucioná-los”, diz ele. Alternativamente, tarefas longas e tediosas, como escrever um volume enorme de mensagens de cartões comemorativos, eram entregues a um grupo de pessoas, para que dividissem o trabalho.

Hoje, acaba sendo mais eficiente dar este tipo de tarefa a um único funcionário usando o ChatGPT.

Reflita bem sobre quem recebe quais projetos

Para tarefas como codificação, processamento de valores ou análise de investimentos, o ChatGPT permite que os funcionários iniciantes aprendam rapidamente. Quando os funcionários estão interessados no sucesso de seus projetos, o resultado é fantástico. “Vão aprender mais, vão se desenvolver mais rápido na sua carreira, vão simplesmente ser mais produtivos de forma geral”, diz Bray.

Porém, há um problema. “Se, fundamentalmente, os funcionários não estiverem interessados no problema nos quais estão trabalhando, agora podem fazer grande parte do trabalho com o cérebro desligado. Isso significa que, na verdade, eles não estão melhorando”, o que, por sua vez, significa que o “ajuste” entre um funcionário e seu trabalho nunca foi tão importante.

Bray descobriu que os alunos que se matricularam em seu curso como uma matéria eletiva, o que sugere um interesse inerente em aprender a linguagem R, foram capazes de aprender o material de forma "mais rápida e melhor", enquanto os que foram obrigados a cursar a matéria se beneficiaram menos com a experiência, de forma geral: “Eles não queriam estar lá”. Então resolveram o seguinte: ‘Tudo bem, vamos transferir todo esse trabalho para o ChatGPT.’”

Bray vê como inevitável os funcionários que usem regularmente o ChatGPT se tornarem dependentes dele, pelo menos no início. Para os curiosos e engajados, essa desvantagem temporária é ofuscada pela vantagem de poder obter feedback quase instantâneo do "melhor professor particular de todos os tempos", diz Bray.

Uma vez que seja possível fazer um trabalho aceitável sem se envolver profundamente com o assunto, é provável que sejam afetados o desenvolvimento de habilidades a longo prazo e o potencial de funcionários menos motivados.

“Se a pessoa não estiver interessada no trabalho, esse chatbot vai fazer com que a pessoa fique pior. Talvez não seja assim a curto prazo, mas elas não apresentarão inovações contínuas”, diz ele.

Por esse motivo, argumenta Bray, é importante atribuir tarefas aos funcionários sobre as quais eles possam realmente se sentir responsáveis. “Todos os seres humanos estão interessados em algumas coisas", diz ele. “Conseguir fazer a correspondência entre a pessoa e a área problemática agora se tornou algo ainda mais importante.”

About the Writer

Jess Love is the editor in chief of Kellogg Insight.

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